
Um livrinho de cordel pode ser feito por crianças.
Explorar a imaginação e a criação poética é um caminho para desvendar o mundo e
concretizar as ideias dos pequenos. Mas por que cordel? Ao fazer o
livreto tão famoso e com origem na Idade Média, as crianças vão ter em mãos,
não só um livro, mas um livro que tem uma corrente história por trás. Um livro
que tem nome e que tem origens e ligações com o povo português e brasileiro.
A arte da cordelaria é ligada à poesia
oral. O dom de recitar versos em frente ao público. De aprender a se dirigir a
grandes plateias e dela, segurar à atenção por alguns minutos ou até horas.
Antigamente o cordelista era chamado o jornalista do povo. No século XIX eram
eles que levavam as notícias para as diferentes cidades do sertão do nordeste,
contavam também estórias inventadas, criadas do imaginário popular, como contos
e lendas, e as crianças também faziam parte do público.
Atualmente em escolas espalhadas pelo
Brasil, professores ao tentar incentivar a arte da escrita e da poesia utilizam
o cordel com exemplo. Simples de ser produzido, com folhas de papel ofício
dobradas e grampeadas, coloridas ao gosto da criança, é uma produção simples e
barata. A escolha do tema pode ser discutido em aula, inclusive utilizando
temas educativos, por exemplo: “Merenda escolar” , “Meu lanchinho da escola”,
“Eu ajudo a natureza reciclando”, entre outros.
O cordel produzido pelos alunos pode ter 6 folhas, os poetas profissionais
escrevem os poemas seguindo regras de rima, métrica e oração. Mas isso depende
da faiza etária dos alunos em trabalho, pode ser divertido coletar palavras que
rimam, fazer um mural com elas, de acordo com o tema, e depois tentar montar
com eles os versinhos de sextilhas, por exemplo.
As sextilhas são estrofes de seis versos,
por isso o nome, tem origem nas quadras muito utilizadas na Idade Média, foram
introduzidas mais dois versos, assim nascendo a sextilha, um dos tipos mais
escritos e também cantados pelos cantadores de viola. Na sextilhas a rima é no
versos pares, as outras linhas são livres. Como por exemplo:
Admiro o pica-pau
Fazer buraco em angico
Tem hora que taco-taco
Tem hora que tico-tico
São sente dor de cabeça
Nem quebra a ponta do bico
Essa sextilha é do poeta paraibano Manoel
Xudu, feito de improviso em uma cantoria.
Os cordelistas profissionais usam hoje em
dia como capa, desenhos de xilogravuras, arte tipicamente brasileira. O desenho
é talhado na madeira, depois pintado com tinta preta e impressa no papel. Um
dos renomados artistas, com peças
exportadas para a europa, é o J. Borges, ele retrata danças típicas do
carnaval, das festas de São João e representa através de seus desenhos
personagens do nosso folclore.
Não esquecendo que a exposição dos
cordeis deve seguir a tradição, são amarrados em barbantes ou cordas. Era também chamado no
passado de folheto de feira, por serem exibidos ao público em feiras livres.
Nos dias de hoje há uma grande produção feita por universitários que
redescobriram essa arte e produzem os tais livrinhos com temas sobre política,
economia etc. Fazem também via internet trocando estrofes e compondos livros
virtuais.
Divertido também é a leitura em voz alta
de cada cordel confeccionada pela criança, um palco na sala de aula e a prática
da oralidade é a combinação perfeita para tal atividade. Por fim, é só diversão conectada ao aprendizado da
história da poesia popular brasileira.
Texto escrito pela jornalista Roberta
Clarissa Leite para o ensinar-parender e que também escreve para o site Cursodeingles.net

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